Outro dia, minha filha mais nova me perguntou:
“Pai, por que a Alexa não sabe qual música eu gosto do Pocoyo?”
A pergunta veio despretensiosa, entre um desenho e outro. Mas me acertou como uma flecha.
Porque, no fundo, é isso que esperamos da tecnologia: que ela nos conheça de verdade. Que vá além do “tocar músicas infantis aleatórias” e saiba que aquela versão acústica de “Pocoyo Fiesta” é a favorita do momento.
E essa cena me levou a refletir sobre um dos temas mais quentes (e promissores) do universo da IA atual: o Model Context Protocol, ou simplesmente, MCP.
MCP: o que é e por que ele importa?
Em um mundo onde modelos de linguagem são cada vez mais presentes — seja num chatbot, num copiloto de vendas ou no sistema de atendimento do banco — ainda faltava um elo crucial:
Contexto
A IA responde bem, mas muitas vezes responde fora do tempo, fora do tom, fora do mundo real.
O MCP (Model Context Protocol) surge como um protocolo aberto que permite que esses modelos se conectem de forma padronizada a ferramentas externas, bancos de dados, calendários, APIs e tudo mais que represente a vida real acontecendo em tempo real.
Em outras palavras: com MCP, a IA finalmente pode entender que a música preferida do Pocoyo muda toda semana — e adaptar suas respostas com base nisso.
O que muda na prática?
Com o MCP, um modelo de IA pode:
Consultar dados dinâmicos (como uma agenda atualizada ou uma base de clientes em tempo real)
Acionar ferramentas externas com segurança
Entender contexto personalizado de forma estruturada
Ser menos genérico e mais útil
Segundo a Anthropic, uma das responsáveis pela criação do protocolo, o objetivo é tornar os modelos mais conectados, seguros e realmente assistivos.
Quem já está usando?
A lista só cresce:
Microsoft implementou o MCP no Copilot Studio, permitindo que times criem agentes que se conectam a qualquer API interna com poucas linhas.
Zapier lançou o Zapier MCP, possibilitando que modelos de IA acionem mais de 8.000 aplicativos com contexto.
Desenvolvedores independentes criaram servidores MCP para ferramentas como Google Calendar, Notion, Airtable, e até sistemas bancários personalizados.
E no seu trabalho, onde isso entra?
Se você:
– Cria fluxos de automação com ferramentas como n8n
– Desenvolve produtos com assistentes personalizados
– Trabalha com experiências conversacionais (CX, chatbots, voicebots)
– Ou simplesmente quer que a IA reaja a dados reais, e não a palpites…
O MCP pode (e provavelmente vai) transformar a forma como você projeta soluções.
Imagine: seu chatbot de RH acessa a folha de pagamento em tempo real. Seu bot de atendimento sabe o status exato do pedido do cliente. Sua IA de vendas entende o histórico da conta e sugere a melhor ação — no contexto certo.
Por onde começar?
Aqui vão algumas fontes práticas:
– Documentação oficial: modelcontextprotocol.io
– Repositório com servidores prontos: Awesome MCP Servers (GitHub)
– Vídeo com exemplos: MCP Explained no YouTube
Ferramentas como LangChain, LlamaIndex, n8n e Replit Agents já oferecem compatibilidade.
IA com coração e contexto
Voltando à pergunta da minha filha: talvez a Alexa ainda não saiba qual música ela ama…
Mas com protocolos como o MCP, a tecnologia dá um passo importante para deixar de ser uma caixa mágica e se tornar um parceiro real.
– Um parceiro que conhece preferências.
– Que entende o momento.
– Que age com propósito.
Agora é com você:
Já conhecia o MCP? Tem vontade de aplicar algo assim no seu negócio ou projeto?
Jessé Freitas – COO | CTO | Especialista em Automações e Inteligência Artificial | Arquiteto de Agentes de IA | Estratégia & Inovação Tecnológica | Mediador, Conciliador & Mentor | Conselheiro do PUC angels